sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Relato de parto da Sarah

O parto dela, o trabalho de parto, foi tudo tão diferente do Elias, foi um parto rápido, bem maluco e irregular, depois que o Elias mamou não teve mais ritmo algum...

Na semana anterior eu já achei que estava próximo porque fiquei com uma vontade louca de arrumar tudo, preparei o aniversário do Elias, que vai ser um aniversario congelado, tudo que pudesse congelar já fiz, até um bolo de sorvete.
Na sexta feira achei que estava diferente, não estava mais com esta vontade louca de arrumar tudo, ela simplesmente passou, e não estava mais me sentindo grávida isto foi o mais estranho, na gestação do Elias eu estranhei a perda da barriga, senti falta e nesta já me sentia assim antes do parto, isto até me deu um pouco de medo. O padrão de movimento do bebê também mudou a partir deste dia.
Eu pensava que o trabalho de parto começaria com o Elias mamando, mas ele mamava para dormir e acordar e nada acontecia.

Na madrugada de sábado para domingo tive contrações indolores durante a noite, coisa que não havia tido até então, foram umas 10 durante a noite. O Elias tinha mamado para dormir e mamou ao acordar e não senti nada de diferente, mas achei que era o dia, falei com meu marido que achava que seria naquele dia. Falei também para o Elias que o bebê nasceria hoje ou amanhã, também o relembrei de que eu poderia gritar quando o bebê fosse nascer, mas que estaria tudo bem.
Pela manhã tive três contrações com uma cólica quase imperceptível, mas achei melhor já avisar a Márcia, a Pricila e a Letícia. Avisei todas que estava com contrações muito leves a cada 20/30 minutos.
Saímos, fomos ao mercadinho comprar alguma coisa e o Elias quis passar no parque que era perto. Quando eu caminhava as contrações, ainda bem fracas, ficavam mais próximas, quando eu parava, elas espaçavam novamente.
Voltamos para casa e eu terminei o que faltava da barriga de gesso que fizemos.
Às 14h o Elias quis mamar, mamou só uns 10 min. e neste tempo vieram duas contrações mais fortes, mas voltaram a espaçar e ficaram mais fracas depois disto. Umas 14h40 resolvi deitar um pouco para descansar, o Elias quis dormir também e pediu para mamar, mamou uns 40 min., e neste tempo as contrações ficaram mais fortes, mas ainda bem suportáveis e novamente vieram a cada mais ou menos 5 min.
Ele parou de mamar, ficou dormindo junto com meu marido, eu não consegui dormir. Fui para o banho ver se elas voltavam a espaçar, mas não espaçaram, ficaram muito irregulares, vinham fracas, mas próximas, completamente diferentes das do TP do Elias. Liguei novamente para Pricila e falei como estavam, ela falou que eu estava muito tranqüila, mas também teve receio de eu ficar assim por eu ser muito calma, eu disse que achava que ainda demorava ficamos de nos falar em mais 2 horas.

Quase 18h nos falamos novamente, ainda estava na mesma: irregulares tanto em freqüência como em intensidade. Ela falou para eu ir para o banho, que na água seria um bom parâmetro, ver quantas tinha em meia hora. Meu marido marcou 30 min. de banho e eu contei as contrações, foram quatro.
Às 18h30 a Pricila ligou novamente e achou melhor vir, já que tinham quatro contrações em meia hora, mas achei que ela estava com um pouco de receio de estar cedo ou ser um alarme falso, não sei, e no fundo eu também estava, quando comentei com meu marido ele olhou para mim e disse que eu estava com cara de quem estava para parir... Mas é que estava tudo tão diferente do parto do Elias, no do Elias lembro bem, que as contrações tinham ritmo, elas iam se aproximando em tempo e aumentando a intensidade, neste agora não, vinham mais fracas, vinham mais fortes, mas todas muito toleráveis. Vinham com intervalo maior, com intervalo menor, estavam bem malucas. Apesar de que no TP do Elias também não achavam que eu estivesse em trabalho de parto, pela que eu dizia que sentia e eu já estava com seis cm.

Umas 19h elas ficaram um pouco mais intensas e só então soltou de verdade o tampão, coisa que estava me deixando um pouco encafifada, porque este tinha sido o primeiro sinal do parto do Elias. Tive um pouco mais de certeza de que seria naquele dia ou na madrugada, comecei a precisar parar durante as contrações, e quando eu parava o Elias perguntava o que foi e eu falava que era uma contração, que logo o bebê ia nascer e ele olhava para o local onde eu estava e dizia vai nascer aqui? Em cima do tapete? Ou qualquer outro local que eu estivesse, eu disse que poderia nascer em qualquer local da casa, mas que ainda ia demorar um pouquinho, mas que seria hoje ou amanhã. Ele me mandava para o quarto que o bebê devia nascer no quarto. Se a Pricila já não estivesse vindo, nesta hora eu falaria para ela vir.
Meu marido ficou arrumando a casa, lavando louça, pendurando roupa e brincando com o Elias todo o tempo e eu ficava andando de um lado para o outro da casa.
Liguei para Letícia e disse que dentro das próximas duas horas gostaria que ela viesse, para ela deixar as coisas meio prontas.

Acho que por volta das 20h comecei a me incomodar com o Elias perguntando em quase todas as contrações o que era, na verdade não me incomodava com ele perguntando, mas já não estava muito confortável reponde-lo durante as contrações e se eu não o respondesse ele ficava perguntando, ai meu marido acabava chamando-o e eu não me sentia legal em não o responder, achei melhor a Letícia vir assim poderia dar atenção à ele.
Acho que um pouco mais de 20h30 a Letícia chegou, eu já estava no quarto tentando achar uma posição confortável, mas estava difícil, já tinha ido para o banho e saído novamente, mas não conseguia achar algum jeito para ficar, então acabava me deitando entre as contrações.

Próximo das 21h a bolsa rompeu, avisei meu marido que nesta hora enchia uma piscina para eu entrar. Em mais duas ou três contrações chegou a Pricila, as contrações já estavam mais fortes, mas ainda irregulares, às vezes vinha uma mais fraca, às vezes vinham com 2 min., às vezes com 5min.
Trocamos o lençol, ela escutou o bebê, viu a posição e perguntou como estavam as dores, doía só na frente não doía nas costas, como no TP do Elias. Ela comentou com meu marido que eu ainda iria descansar porque deitava entre as contrações, mas eu deitava por não encontrar uma posição para ficar. Ela acabou fazendo toque e eu estava com oito cm, ela disse que nascia em uma ou duas horas.
Um pouco depois que a Pricila chegou eu tive um momento de lucidez, onde eu pensava porque agente decide ter mais filhos, será que se eu estivesse em um hospital seria agora que eu pediria anestesia ou será que não pensaria nisto, fiquei pensando nestas coisas, mas acabou que foi tão rápido que não deu para pensar muito que eu era louca por estar fazendo o que estava fazendo.
Pedi para o meu marido trazer o pufe da sala, consegui me ajeitar melhor, eu não poderia entrar mais na piscina por causa da bolsa, então a Pricila perguntou se não queria ir para o chuveiro, sentada na bola, fui para o chuveiro, mas sentar não rolava, tinha que ficar de quatro. Começou a me dar vontade de fazer força meu marido chamou a Pricila, acabei saindo do chuveiro e voltando para o pufe.
Acho que não passou meia hora. A Pricila falou que agora eu poderia ir para piscina, teria que ferver um balde porque a água já havia esfriado, mas meu marido falou que eu havia parido o Elias naquela posição, de quatro. Questionei se o circulo de fogo seria mais ameno na água, porque no parto do Elias foi o que achei que mais doeu. A Pricila falou que eu estava bem ali, que estava melhor do que ficaria na água, acho que por causa do comentário do meu marido de que eu havia parido o Elias naquela posição, disse também que a água aliviava um pouco as contrações, acho que falou algo que não mudaria o circulo de fogo, que seria indiferente.

Eu senti tudo bem diferente do parto do Elias, eu senti bem clara a vontade de fazer força, senti o bebê descer e voltar, e descer, senti bem claro quando a cabeça saiu, senti pouco o circulo de fogo, na verdade senti ele bem rápido, mas tão intenso quanto no parto do Elias, rápido porque logo a cabeça saiu, daí o ombro e escorregou o resto o corpo, acho que saiu em poucas contrações.
Chorou logo que saiu me virei e a Pricila falou ‘é todo seu’, adorei ouvir esta frase, coloquei no meu colo e ela veio enxugar. O Elias veio ver o bebe escutei ele falar do outro quarto ‘o nenê nasceu’ e acho que ele disse algo de dar um beijo no nenê. Logo o Coruja lembrou-se de saber qual era o sexo, não deu tempo nem de eu me lembrar de que não sabíamos... Uma menina! Sarah! Também olharam as horas eram 22h18.

Questionei o que sentiria quando fosse para placenta sair, e logo senti. Meu marido cortou o cordão e logo a placenta saiu. Fui do pufe para cama e ela mamou, ficamos lá por um tempo.
Eu estava sangrando mais do que deveria, então tomei uma injeção. Eles iam arrumando tudo, eu ainda sangrava mais do que deveria, uma segunda injeção e saem meu marido, a Letícia e o Elias para comprar um remédio, que eu deveria tomar para o sangramento.
Quando eles voltam com o remédio, pegam a Sarah para limpar, pesar e vestir. Ela pesou 3060g.
O sangramento diminuiu um pouco, tomei o remédio, que ainda deveria tomar no dia seguinte, elas foram embora por volta da 1h, daí o Elias pediu para mamar, estava muito cansado tadinho nunca vai dormir tão tarde.
Eu achava que ele iria querer mamar logo que visse o bebê mamar, mas não só quis depois para dormir, teve uma noite agitada e mamou mais umas duas vezes na madrugada.
Eu até quis oferecer o seio à ele quando a Sarah mamava, mas acabei não oferecendo, mesmo sem ter porque fiquei sem graça de oferecer, sei lá ele estava tão bem e nem pareceu pensar em pedir e também fiquem em dúvida de como faria para amamentar os dois, acabou que nem levei a idéia adiante e não pensei mais nisto, no dia seguinte eles mamaram juntos.
Eu tive muita sede à noite toda e mal consegui dormir, mas acordei de manhã, cansada, mas não como quem pariu no dia anterior e sim apenas como quem dormiu tarde.

No dia seguinte o sangramento já estava pouco, mas eu tive muita cólica quando qualquer um dos dois ou os dois mamavam.
Eu me senti muito diferente depois do parto do que havia me sentido depois do parto do Elias, estava cansada, mas não exausta, não tive laceração como não tive no parto do Elias, mas não senti tudo sensível como tinha ficado depois do parto do Elias. Depois do parto do Elias eu dormi muito mais por vários dias, neste parece que já estou pronto para outra!!
No parto do Elias não sei se por ser em hospital eu não me lembro de perceber as coisas a minha volta, mas neste eu sabia o que estava acontecendo em casa, escutava o Elias brincando, as pessoas falando, mesmo quase não tendo falado. Isto não me incomodou em nada, dava até um ar mais familiar, percebi bem mais as coisas ao meu redor do que no parto do Elias, não sei se por ter sido em hospital era mais silencioso ou se por eu estar mais cansada não percebia as coisas ao redor.


O relato acabou não ficando tão curto quanto eu pensava que ficaria, mas foi maravilhosa a experiência, única; e eu quero repetir mais uma vez!!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Relato de amamentação do Elias

Quando engravidei pensei e planejei muito o parto, mas em momento nenhum pensei no depois, em como seria a amamentação. Para mim seria uma coisa simples, era só colocar no peito para mamar e pronto.
Não sei até onde esta minha falta de expectativas foi boa ou ruim. Em partes foi bom porque não fiquei com medo de ter problemas de algo dar errado, não tive frustrações porque não foi como eu queria, as coisas simplesmente foram acontecendo...
A única coisa que eu tinha era certeza que teria leite e que teria muito.
Na minha família todas tiveram bastante leite, lembro da minha tia doando leite, ela amamentou os cinco filhos, o mais novo até uns quatro anos. Minha mãe amamentou os quatro e lembro-me dela dizendo em vários momentos que tinha que tirar um pouco o excesso de leite para eu não engasgar, porque eu espaçava mais as mamadas que os outros três. Minha irmã, também amamentou a filha, vazava leite até quase um ano. Então a única ciosa que eu esperava era ter bastante leite!
Sei que ter muito leite não quer dizer nada, mas esta era a única expectativa que eu tinha.


O Elias nasceu, veio direto para o meu colo com o cordão ainda pulsando. Eu sem saber bem como tudo funcionava tentei colocá-lo para mamar direto sem deixá-lo descobrir primeiro, meu cheiro, minha pele, como se naquela hora ele tivesse que mamar, subestimei um pouco o contato que é tão essencial.

Acabou que ele não mamou naquela hora, teve apenas o contato, meu colo. Hoje me questiono que se não tivesse conduzido tanto aquele momento ele poderia ter sido mais especial e ele poderia ter descoberto meu seio, meu mamilo, ter mamado na primeira hora, coisas que considero tão importante e que é uma das coisas que pretendo superar com o próximo filho, sentir que fiz melhor.

Não sei bem que horas que ele mamou mesmo, porque eu dormi, não sei se foram 2 horas depois ou se foram 4, mas ele mamou. Fiz as coisas com a simplicidade que esperava que fossem, coloquei-o no peito e dei de mama, não sabia nem percebi que ele pegava errado, fazia muito barulho para mamar, a enfermeira depois veio me explicar que não podia fazer barulho, me mostrou como deveria ser a pega, como ele tinha que abocanhar, não tive muita dificuldade para corrigir a pega, mas este primeiro dia de pega errada me rendeu uma pequena fissura, nada grave, mas doeu por vários dias.

Segundo dia meu seio começa a ficar inchado, outra coisa me faltava conhecer melhor, apojadura. O pouco que sabia era da minha irmã comentar de quando o leite dela desceu.

Já me casa meu seio muito duro, mal dava para o Elias abocanhar. Antes de dar mama eu fazia uma pequena massagem ao redor do mamilo e tirava um pouco de excesso para ele conseguir pegar o seio, esta pelo menos foi uma das poucas informações sobre amamentação que levei da minha gestação.

Nas primeiras noites ele mamava de hora em hora, eu não sabia que existia gente que ensinava bebê a mamar com horários então pensava que estes horários iam surgir naturalmente. Demorou um pouco para ele ter um horário mais padronizado, mas não demorou muito para ele não acordar mais de hora em hora à noite...

Assim foram passando os dias, no começo ele ficava bravo com o excesso de leite, mas logo ele aprendeu a mamar ‘cuspindo’ o excesso, tinha que deixar uma fralda de pano sob a boca dele para pegar este excesso que escorria. Além de outra fraldinha no outro seio que vazava enquanto ele mamava.

Ele não tinha padrão nenhum durante o dia às vezes fazia intervalos de 30 min. outras raras vezes fazia de quase 2 horas, eu com receio de que não mamasse o leite gordo do final da mamada resolvi que se mamasse muito perto daria o mesmo seio, trocava de seio a cada 2 horas, a cada intervalo de 2 horas um seio não importa quantas mamadas ele fizesse, em menos de 2 horas seria no mesmo seio e mesmo assim ele não chegava a esvaziar o seio.

Com um pouco menos de um mês ele fez pela primeira vez um intervalo de 5 horas direto dormindo, este primeiro intervalo foi aumentado aos poucos, com três meses ele fazia entre 8 e 10 horas seguidas, mas isto tinha um inconveniente, meus seios ficavam muito cheios e eu chegava a acordar com dor nos seios. Resolvi começar a tirar leite antes de dormir para não acordar com dor durante a noite, esvaziava os seios à noite antes do banho, não tinha ainda banco de leite na cidade, este leite era usado então para as mais diversas coisas, desde alimentar as cachorras até ser passado como hidratante de pele durante o banho. Às vezes eu media por curiosidade, tirava em um copo, outras vezes tirava dentro do Box deixando escorrer pelo corpo, eram uns 100/200 ml jogados fora diariamente. Aos poucos fui tirando menos e a produção se ajustando até que não precisei mais tirar o excesso antes de dormir para dormir confortável.

Com dois meses ele começou a chupar dedo, para mim no começo isto foi motivo de grande preocupação, mas fui atrás de pessoas que o filho tivesse chupado dedo e o que encontrei é que crianças amamentadas por pelo menos dois anos costumavam parar de chupar o dedo sozinhas antes disso, as que mantinham geralmente tinham sido desmamadas antes dos dois anos. Como eu pretendia amamentar por dois anos, como a OMS recomenda, fiquei mais tranqüila. Às vezes ele largava o peito para chupar o dedo. Sempre que via ele chupando o dedo tentava tirar e dar o peito, tinha vez que isto o deixava muito bravo, tinha vez que funcionava.

Desde que nasceu ele nunca dormiu no quarto dele, no começo deixava num moisés ao lado da cama, depois a primeira dormida era no berço, depois vinha para o meu lado. Apesar dele dormir boas horas de sono seguidas, o resto de noite que faltava ele acordava com intervalo máximo de 1 hora e meia, acordando umas três vezes até acordar de vez. Então ele dormir este finalzinho ao meu lado me ajudava muito a descansar e ajudava na amamentação noturna. Quando começou a esfriar o tempo e eu tomei mais coragem assumimos de vez a cama compartilhada e ele passou a dormir a noite todo ao meu lado, o que facilitou ainda mais as acordadas.

Os seis meses se aproximavam e eu comecei a questionar porque eram seis meses para introdução dos alimentos e não cinco ou sete? As únicas respostas que encontrei foram que antes dos seis meses não poderia dar nada, mas que poderia adiar um pouco a introdução. Sem o peso dos seis meses nas costas fui levando mais um pouco. Meus irmãos vieram visitar, fomos viajar e assim se passou mais um mês. Com sete meses já planejando introduzir os alimentos o Elias pegou uma virose, não só ele como meu marido, eu meu irmão, meu pai e mais metade das pessoas que encontramos no aniversario do meu irmão. Muitos vômitos, diarréia, muito leite materno e algum remédio, dado na colher. Ele chegou a quase desidratar, não aceitou soro, mas o leite materno foi suficiente para não deixá-lo piorar mais. Com esta virose ele começou a acordar mais a noite e seguiu acordando por muito tempo...

Depois que ele melhorou resolvemos começar com os alimentos. Ele tinha criado certa repulsa pelas colheres já que eu tinha dado algum remédio nelas e ele só as tinha conhecido para isto.
Já havia lido que quando a criança está pronta para os alimentos ela tem já certa capacidade de se alimentar sozinha, então foi assim que começamos: Elias, comida e muita sujeira!! Depois comecei com a colher e bem aos poucos com todos os alimentos.

Só depois de um ano que fui levar a alimentação mais a serio, evitar que ele mamasse antes de uma refeição, tentar dar sempre nos mesmos horários, ele foi comendo cada vez mais e reduzindo aos poucos as mamadas.

Com um ano e pouco ele fez uma greve de amamentação. O que é uma greve? É quando a criança para subitamente de mamar e isto dura apenas alguns dias, ele ficou quatro dias praticamente sem mamar, nos primeiros dois ele até pedia o peito, mas não mamava, pagava e largava, nos outros dois nem isto, nem mesmo a noite, nem dormindo.

Foi difícil para mim, eu não sabia o que era esta tal de greve e tive muito medo do desmame, para mim, amamentar menos do que a OMS recomenda seria em parte um fracasso, além de que não acho que nem eu nem ele estávamos prontos, ele ficava com o dedo na boca olhando para mim, como se quisesse mamar, mas algo o impedisse. Depois destes quatro dias ele mamou dormindo e aos poucos foi voltando a mamar, depois para compensar ele mamou muito mais do que de costume por umas duas semanas. Lógico que com esta grave a produção diminuiu e em partes ele mamar mais foi uma forma de estimular a produção a voltar ao normal.

A partir da greve ele foi aos poucos diminuindo a sucção digital, até que com um ano e oito meses ficou uma semana sem chupar o dedo, depois mais umas e foi indo assim por mais um mês até que ele largou de vez, com um ano e dez meses ele já não chupava mais dedo e pouco depois já parecia que nem sabia o que era aquilo, confirmando minha teoria de que se eu mantivesse a amamentação ele largaria o dedo antes dos dois anos.

Desde que ele passou a acordar a noite eu adiei tomar alguma atitude. Pensei em esperar um ano, depois um ano e meio, depois dois anos, mas geralmente pensava em fases que ele acordava mais e quando passavam eu resolvia levar mais e não fazer um desmame noturno. Eu nunca gostei da idéia de negar o mama, mesmo à noite e sempre acreditei que a amamentação noturna tinha certa função, afinal o pico de prolactina, hormônio responsável pela produção, ocorre na madrugada e nunca achei que isto fosse por acaso.

Quando decidimos pelo segundo filho comecei a pensar mais no desmame noturno, já sabia que poderia amamentar durante a gestação se ela não fosse de risco, já tinha decidido fazê-lo, mas amamentar dois a noite não estava nos meus planos. Conversando com uma amiga ela disse que os filhos passaram a dormir a noite toda durante suas gestações, resolvi então esperar engravidar, afinal teria mais nove meses para resolver isto.

Engravidei, os seios ficaram mais sensíveis, mas a amamentação continuou sem maiores problemas, às vezes tinha que arrumá-lo no peito ou tomar mais cuidado quando ele pegava ou soltava o seio se fosse de qualquer jeito poderia doer.

Com três meses de gestação e o Elias tendo dois anos e meio, resolvi desmamar a noite, de uma forma bem lenta e calma. Simplesmente parei de oferecer, se ele resmungava tentava confortá-lo de outra forma, se não tivesse jeito dava mama. Só com isto em poucas semanas ele já dormia bem melhor.

Conforme a gestação foi caminhando o leite foi diminuindo, cada vez menos leite, eu já não consigo mais tirar uma gota, mas ele ainda mama normalmente, bem menos vezes. A gestação segue tranqüila, uma coisa não está interferindo na outra, não dói para dar de mama, o peito fica mais sensível o que faz com que eu tenha que tomar mais cuidado principalmente quando ele quer mexer a cabeça mamando ou na hora em que vou tirar o peito.

Aos poucos ele foi reduzindo as mamadas, mesmo antes de eu engravidar ele já não mamava mais tantas vezes. Aos dois anos ele mamava em media umas cinco vezes, agora quase no final da gestação ele tem mamado apenas umas três vezes, acredito que quando o bebê nascer ele vá querer mamar mais vezes, mas vejo que ele está em processo de desmame, não sei bem quanto tempo isto vai levar, se vai ser alguns meses ou mais de um ano, mas percebo que ele está desmamando no ritmo dele e que uma hora ele vai parar. Eu pretendo levar até onde ele for e vamos ver como será amamentar dois filhos...

Raquel, mãe de Elias 2 anos e 9 meses mamando

postado originalmente no blog do grupo MAMA