segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Relato de amamentação de dois filhos de idades diferentes



Antes mesmo de engravidar, eu já sabia que poderia amamentar grávida, que não há contra-indicação a não ser que haja risco de parto prematuro. Eu já havia decidido que amamentaria durante a gestação e, depois, os dois até que o Elias desmamasse natural e espontaneamente.

Quando eu engravidei da Sarah, o Elias tinha 2 anos e 3 meses e mamava umas 5 vezes, três durante o dia e duas a noite.

No primeiro trimestre da gestação, ele mamou muito mais do que o normal, não sei bem quanto, mas mamou mais. Não só mamou mais, como também pedia mais minha atenção, mais mamãe, mais colo, etc.


No segundo trimestre, voltou ao normal, nem parecia que eu estava grávida. Voltou a mamar como antes de eu engravidar. Na verdade, até cortou uma mamada, passou a pedir para dormir na caminha dele, cerca de metade das noites (praticamos cama compartilhada) e foi um momento oportuno para um desmame noturno.

Eu nunca me incomodei de acordar à noite, por isso sempre vinha adiando o desmame noturno, mas com a gestação tive medo de ter que lidar com dois acordando à noite para mamar, então planejei um desmame noturno bem suave, o que foi feito em poucos meses.


No terceiro trimestre da gestação, ele voltou a me solicitar mais, mais mamãe, mais colo e mamar mais novamente. Algumas noites ele voltou a acordar e pedir mama.

Amamentar durante a gravidez foi relativamente tranqüilo. O mamilo ficou mais sensível em parte da gestação e no inverno eu tinha dor depois dele mamar, o que descobri que era causado pelo frio, então bastou passar a aquecer os seios depois da mamada para resolver o incômodo.


Dizem que amamentar adianta o parto, mas eu cheguei com 40 semanas sem problema nenhum. Conforme chegava o final da gravidez, eu imaginei que em alguma mamada entraria em trabalho de parto, mas não foi assim que aconteceu.

Eu já estava em trabalho de parto, bem fraquinho e suave, quando o Elias pediu para mamar. Ele queria dormir depois do almoço, então mamou uma meia hora e fez o trabalho de parto se intensificar.


A Sarah nasceu. Nasceu e mamou.

Pareceu uma boquinha tão suave, tão pequena, muito diferente do que eu estava acostumada fazia quase 3 anos... Eu achei que o Elias fosse querer mamar ao vê-la mamar, mas não, ele não pediu. Só depois que todos foram embora e ficamos só nos em casa é que ele mamou, mamou e dormiu, desmaiou, estava cansado e empolgado com o nascimento da irmã.


Enquanto era só o colostro, eu dava o peito primeiro para ela, e ele sempre mamava o peito que ela tinha mamado por último.

Depois desceu o leite, abundantemente e o esquema mudou. Ele mamava primeiro, mamava o excesso e ela mamava depois, mais tranqüila, sem esguichar leite. Ela nunca gostou de peito muito cheio. Eu dava o mesmo seio para ela até que ele mamasse novamente e tirasse o excesso do outro seio, daí passava a dar para ela este seio até a próxima mamada dele.

Se ele não queria tirar o excesso eu mesma tirava, ordenhando para o Banco de Leite, desde quando ela estava com 3 dias. As mamadas dele estavam mais irregulares, tinha dias que eu não ordenhava, tinha dias que ordenhava 3 vezes.


O Elias mamou muito depois que a Sarah nasceu, acho que nos primeiros dias chegou a mamar umas 9 vezes, até de madrugada voltou a mamar. Nas primeiras noites ela dormiu bem e ele mamou até mais vezes que ela.

Na segunda semana já mamou umas 5 vezes. Na terceira só três e tive que mudar o esquema novamente já que ela mamava com mais freqüência e não dava para deixar um seio tanto tempo sem mamar. Passei a dar um seio para ela e o outro para ele e para as ordenhas, este esquema deu bem certo por bastante tempo, com umas poucas adaptações.


Nas primeiras noites ele mamou bastante e seguiu mamando à noite, uma ou duas vezes por mais uns 3 meses. Deixei ele parar novamente por si só, já que não me incomodava.

Depois de um resfriado ele quis mamar a noite inteira, mas nada que uma conversa depois durante o dia não resolvesse. Na verdade, descobri que qualquer problema noturno deve ser conversado depois no dia seguinte para ser resolvido, como aconteceu em uma das primeiras noites que ele teve que esperar a Sarah mama e abriu o berreiro...


Aos poucos ele foi voltando a mamar o que ele mamava antes dela nascer. Acho que com uns 3 meses ele já mamava igual ao que era antes da gravidez. Lógico que tem dias em que de repente mama mais, mas isto sempre foi assim antes também.


A vantagem de se amamentar uma criança é que ela já entende muita coisa e sempre você pode conversar e explicar as coisas, mesmo as relacionadas ao mama. Fiz isto algumas vezes com o Elias, como nas acordadas noturnas dele e também sobre mamar em qualquer lugar, já que para ela dá para dar mama de pé na fila do banco, já para ele não dá...


Eu amamentei os dois ao mesmo tempo muitas vezes e vi que tem horas que não há coisa melhor para o ciúmes do que ter dois seios!

O Elias está no caminho do desmame, aos poucos vai perdendo interesse e mamando menos. Quanto tempo mais este processo vai demorar, só o tempo dirá.

A Sarah faz 9 meses hoje, está começando a comer, ainda mama muito e tem um longo caminho pela frente.


Raquel, mãe de Elias de 3 anos e 8 meses e de Sarah de 9 meses

Postado originalmente no blog do grupo MAMA