quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Sabe como surgiu Ninho da Coruja?

Com o nascimento do meu primeiro filho, em 2005, surgiu também um hobby, fraldas de pano e slings.

As possibilidades de slings existente em 2005/2006 eram bem limitadas e de fraldas de pano modernas inexistentes no Brasil.
Quando usei fraldas de pano com ele ainda eram das calças plasticas com fraldas quadradas comuns.
Os slings usavam argolas com solda, existindo sempre um risco, ainda não conhecido por mim, de rasgar.

Incentivada por uma amiga fabricante de slings decidi que faria meu primeiro sling para o bebê que carregava no meu ventre, usando uma argola importada, própria para slings.
Com o nascimento de minha segunda filha, em 2008 veio a decisão definitiva de ficar junto deles nos seus primeiros anos de vida e assim trabalhar em casa.

Em 2009 nasceu Ninho da Coruja, transformando um hobby num projeto!
Assim começou a venda de slings e os testes com as fraldas de pano.

Experimentando fraldas de pano modernas trazidas por uma amiga dos EUA descobri possibilidades antes não imaginadas por mim e muitas ideias para testar!!
E junto com esta amiga surgiu a ideia de encontros para compartilharmos nossas experiencias, mostrar as fraldas que existiam e vender as fraldas que não nos serviam mais criando um ciclo mais ecológico que o descarte. E foi assim que começaram as primeiras fraldadas!

Sempre levei as coisas devagar, para trabalhar e ter bastante tempo disponível com as crianças.
Em 2012 nossa vida teve muitas mudanças, inclusive o nascimento do terceiro filho, precisava expandir, precisava trabalhar mais para vender mais, nisto surgiu a necessidade de um site...

Desde que comecei trabalho com muito carinho, fazendo produtos com o coração cheio de energias positivas que são levados para outros lares, usados por outras pessoas!!
Para mim o mais importante é a satisfação de quem compra e eu só faço produtos nos quais acredito, todos experimentados, testados e aprovados!

Eu faço carregadores (Slings, Wraps e Pouchs) porque acredita que lugar de criança é no colo, com proximidade física dos pais, principalmente nos primeiros meses de vida, mas não só neles.

Eu faço fraldas de pano porque acredito que são melhor para o bebê, melhor para saúde, deixando menos produtos químicos em contato com a pele, além de serem alternativas ecológicas que diminui a geração de lixo.

Eu faço absorventes femininos, porque tive alergia aos descartáveis e sei que assim como eu muitas mulheres passam por esta mesma dificuldade.

Eu faço sling e pouch de brinquedo porque meu filho queria carregar os brinquedos como eu carregava sua irmã.
Eu faço fraldas para bonecas porque minha filha queria trocar fraldas de pano como eu fazia com o irmão.
Eu faço bonecas(os) e roupinhas para bonecas, porque acredito que criança tem que brincar, imitar os pais e aprender a cuidar e aconchegar desde pequenos.
E acredito que plastico algum trará a energia que coloco no que crio com as mãos e é esta energia que quero levar para as crianças, a energia de uma mãe trabalhando com amor e por amor.

Faço também acessórios que ajudam na rotina com as fraldas de pano: saco para fraldas e roupas sujas, lencinhos de limpeza entre outros, porque senti que me ajudaram e quero compartilhar com os outros tudo que acho que é bom.

E foi assim que Ninho da Coruja se criou e se cria a cada venda, a cada retorno, a cada elogio e sugestões.

Raquel Hönig
mãe empreendedora


publicado originalmente em Ninho da Coruja

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

SMAM 2015: “Amamentação e Trabalho: Para dar certo, o compromisso é de todos”

Este ano o tema da Semana Mundial de Amamentação é “Amamentação e Trabalho: Para dar certo, o compromisso é de todos”

Então vou falar da minha experiência.



Não tenho experiência com amamentar e trabalhar fora, mas quando tive o Elias eu ainda estudava e esta experiência me motivou muito a optar por trabalhar em casa.

Ele nasceu em Dezembro, em Fevereiro voltavam às aulas, me matriculei em poucas matérias, e tentei ir às aulas com ele. Tive a sorte de os professores das matérias que escolhi terem sido receptivos, mas os alunos, meus colegas, não foram, acabei desistindo por hora e decidi trancar a faculdade por um ano.

Voltei quando ele tinha um ano e pouco, ainda mamava, mas já comia e poderia ficar sem mamar na minha ausência. Conseguimos conciliar os meus horários com o do meu marido e eu optei por fazer poucas matérias para sempre um de nós estar com ele.

Decidimos ter um segundo filho e ao mesmo tempo precisei procurar uma escolhinha para o Elias, já que os horários das matéria não coincidiam mais com os horários vagos do meu marido, que trabalhava.

Todo mundo que já procurou escola para um bebê sabe das dificuldades e assim pensei nos estágios que já tinha feito, nas opções de empregos que me esperavam, do meu futuro bebê ter que ir para uma escola a não ter a mãe por perto como o Elias estava tendo. Vi que não era aquilo que queria para minha vida, para os meus filhos.

Assim junto com a confirmação da gestação veio a decisão de largar a faculdade e fazer o que eu gostava de fazer ser uma fonte de renda. Assim surgiu Ninho da Coruja, logo depois do nascimento da Sarah.

Com a Sarah pude amamentar tranquila, tinha acabado de começar com as vendas e conseguia estar com ela mais do que trabalhar.

Uns anos mais tarde veio o Nathan, eu já estava trabalhando bastante, a renda que gerava era significativa para a renda familiar.

A vantagem de se trabalhar para você mesma é decidir seus horários, estar em casa perto dos filhos; a desvantagem é que não tem licença maternidade, não trabalhou, não ganhou.
Assim tive que voltar a trabalhar quando ele tinha 20 dias.

Tentava trabalhar apenas quando ele estava dormindo, mas muitas vezes costurei com ele mamando. Eu não gosto disto, acho que o ideal é darmos atenção enquanto eles mamam, estar centrada neles, mas nem sempre o que acontece conosco é o ideal.
Trabalhar em casa contribuiu para eu conseguir amamentar meus filhos além dos dois anos, amamentar em livre demanda e exclusivo por mais de 6 meses.


O ideal seria conseguirmos ficar com os nossos filhos nos primeiros anos, sem precisar trabalhar, para amamentar tranquilamente, mas nem sempre isto é possível, então para trabalhar e amamentar precisamos de apoio, não só de quem está perto, este compromisso deve ser de todos, das famílias, das empresas, das escolas, porque só assim conseguiremos que amamentar e trabalhar seja uma realidade de todos!

publicado originalmente em Ninho da Coruja

terça-feira, 29 de maio de 2012

Relato de parto do Nathan


Era uma segunda feira quando decidimos parar de prevenir uma nova gestação, eu não esperava engravidar tão rápido, já que depois que liberamos da outra vez foram seis meses para eu engravidar, mas na sexta feira quando fui colocar a Sarah para dormir ela começou a falar da Gabriela, que era muito pequena ainda, que não andava, não comia, não sentava e varias outras coisas. Depois de mais de uma hora com ela falando desta tal Gabriela, resolvi perguntar quem era esta Gabriela. Ela fez uma cara com se fosse a coisa mais obvia do mundo, me olhou e disse ‘é o bebê que está na sua barriga!’ depois disso não tocou mais no assunto.
Quase 20 dias depois, no dia do meu aniversário, com 3 dias de atraso, fiz o teste e deu positivo, teríamos mais um bebê!
Eu tinha duas datas prováveis, dia 2 era pela menstruação, que coincidia com a do ultrassom. Outra data minha, dia 9, esta pela concepção. Eu havia engravidado na quarta feira, entre a segunda que paramos de usar camisinha e a sexta em que a Sarah me disse que havia um bebê, não poderia ser em outra data.

Nas outras gestações não me lembro de ter ficado ansiosa. Não arrumamos nada até 37 semanas, só que depois disso arrumamos e já fiquei na expectativa.
Em algum momento antes 39 semanas comecei a ter umas contrações doloridas, mas bem fraquinhas. Isto me fez ficar ainda mais na expectativa, principalmente quando a Sarah mamava, pensava ‘será que vai ser agora’, mas ela mamava e sempre nada acontecia.
Dia 5 era maior lua do ano, dia da parteira, achei que seria um ótimo dia para nascer, resolvi me tocar e descobri que já havia alguma dilatação.
Consulta com 40 semanas. Eu nunca gostei de exame de toque, mas eu queria saber o que era o que eu havia sentido me tocando, estava com 1cm.
Dia 13, dia das mães, seria uma dia bom para nascer, uma coisa ‘romântica’, mas nada...
41 semanas, ultrassom para monitorar e no dia seguinte consulta, estava com 3cm, o que me fez pensar que logo nasceria, ainda mais que dois dias antes namoramos e tive uma seqüência de contrações, umas 6 em uma hora, fraquinhas. Achei interessante estar com 3cm porque eu havia me tocado e pareceu que nada havia mudado.
Eu não queria fazer acupuntura nem nada para induzir, queria entrar em trabalho de parto sem nada, eu estava tranqüila e ao mesmo tempo ansiosa.
Passamos a namorar mais do que em qualquer outra época desde o nascimento do Elias, passei a tomar chá de maça com canela, um chá que eu adoro, mas que fazia tempo que não tomava. Também saímos para caminhar.
Na sexta, 41+2, pensei no que mais tinha de ‘indução natural’ para eu fazer sem ser o chá, caminhar e namorar, lembrava que tinha mais coisa, mas não lembrava o que. Coloquei no Google para ver se lembraria e a primeira que apareceu foi uma que dizia para diminuir o ritmo de trabalho. Ok, decidi parar de costurar, voltar só depois que o bebê nascesse e também ir mesmo ao computador.
Sábado saímos a pé com as crianças, entre sairmos e voltarmos foram duas horas e tive 3 contrações fracas, mas mais fortes do que as que já estava tendo, que também continuaram.
Fiquei pensando que se fosse o mesmo tempo da gestação do Elias, nasceria no sábado, mas era para esta ser a minha gestação mais longa...
A Sarah mamou a noite, de manhã e nada novamente.
Durante o domingo também tive ao longo do dia umas 4 contrações mais fortes que as demais, isto além das fraquinhas.
Novamente a Sarah mamou a noite, pela manhã, além de ter acordado e mamado umas 6 vezes de madrugada, deixei ela mamar o quanto queria, mesmo assim nada, nenhuma contração com ela mamando.
Segunda feira, 41+5. Ultrassom novamente para monitorar, já estava ficando de saco cheio de fazer exames. Decidimos começar com homeopatia e tentar acupuntura.
Eu estava muito brava, me sentindo pressionada e sozinha, como se fosse culpa minha o bebê não nascer, como se os outros colocassem esta culpa em mim.
No final da tarde começamos com homeopatia, óleo de prímula, a Sarah mamou, namoramos, tomei chá de canela e pareceu não acontecer nada.
A Sarah acordou novamente ‘a madrugada toda’ para mamar e pela primeira vez tive umas 3 contrações com ela mamando, ao longo de uma ou duas horas no começo da manhã.
Acordei achando ‘é hoje’, mas não quis avisar ninguém porque estava tão ansiosa que achei que pudesse ser apenas expectativa minha, falei somente com as crianças que nasceria ‘hoje ou amanhã’.
Levantei e as contrações vieram de 15 em 15 minutos. Decidi que ligaria para Márcia e/ou Priscila para avisar e ver também se ainda faria a acupuntura, mas as contrações pararam antes que eu ligasse, na verdade espaçaram muito, ficaram com cerca de 1 hora de intervalo, algumas com mais tempo.
Eu não queria mais enrolar aquilo, não queria apressar nada, mas estava cheia tudo, queria parar tudo ‘pare o mundo que eu quero descer’, então fomos para acupuntura. Aparentemente nada mudou depois da acupuntura.
Fomos para consulta com a Márcia, ela falou de fazer uma massagem no colo com óleo de prímula, que tem prostaglandina. Falei para ela das contrações, que agora estavam espaçadas em cerca de 1 hora, mas que hoje estava diferente, que pela primeira vez tive contrações com a Sarah mamando.
Fomos à massagem, ela disse que eu estava com 6cm, falou que nem ia mexer porque se não podia estourar a bolsa.
Ela lembrou que com o Elias foi assim, mas era diferente porque na dele eu achava que era algo e estava com contrações ritmadas.
Combinamos que eu daria mamá para Sarah para ver se desencadearia, se não acontecesse nada até quinta tentaríamos alguma outra coisa.
Ela ligou para Priscila e disse que eu estava em fase latente. Depois comentou comigo que poderia ficar assim e de repente estourar a bolsa e nascer em algumas contrações.

Fomos para casa e no caminho tive 3 contrações, 10min e 50min de intervalo. Cheguei em casa e resolvi tomar um banho de banheira, relaxar um pouco antes de tudo começar. O Coruja foi arrumar lá atrás, eu já daria banho nas crianças, daríamos janta e colocaria a Sarah para mamar, com tudo já arrumado e preparado, com as crianças de banho tomado e alimentadas.
Nesta hora eu queria me tocar para sentir como era o que ela descrevia, eu tinha me tocado no trabalho de parto da Sarah, mas não entendia o que era, desta vez eu tinha a oportunidade de saber, mas fiquei com receio de estourar a bolsa e achei melhor só pensar nisto depois que tivesse tudo arrumado, inclusive as crianças.
O Coruja arrumou lá atrás, as crianças entraram no banho comigo. Ele queria sair para comprar alguma coisa, eu disse que achava melhor ele não ir, não deu tempo nem de me lavar, nem de lavar os dois, mal falei que era melhor ele não sair a bolsa estourou. Levantei da banheira e fui me enxugar enquanto ele ligava para Márcia. Acabei de me enxugar e falei com ela, a água da banheira continuava da mesma cor, isto era 17h35.
As contrações ficaram bem mais freqüentes, mas não doloridas, aos poucos começaram a vir mais contrações fortes, mas eu me sentia plenamente consciente, não estava na partolandia, o Coruja foi tirar as crianças do banho e dar algo para eles comerem, eu fui para o chuveiro ia falando para ele quando tinha contrações para ele ter uma idéia do intervalo que elas vinham, depois fui para o quarto ele ficava o tempo todo indo e vindo entre eu e as crianças, depois ficou comigo e segurava o pufe numa posição que ficou melhor para mim.
Eu saí rápido da banheira e daí telefonamos e tudo mais, a Sarah deve ter sentido que tinha alguma coisa, ela veio para o quarto depois que vestiu e disse ‘estourou a bolsa’ daí eu vi que estava apreensiva e com cara de choro, eu disse que era normal que só queria dizer que o bebê estava vindo, que dela também tinha estourado a bolsa antes dela nascer, então ela se acalmou e foi comer.
Conforme foi ficando mais intenso, parei de falar quando tinha contração, e foi ficando muito intenso, com a dor bem diferente da dos outros partos, a dor se concentrava na barriga indo para virilha e parecia não aliviar conforme a posição, tentei ir para o chuveiro novamente umas duas vezes, numa delas num banquinho, mas parecia que nada adiantava.
As crianças vieram para o quarto, mas me irritava eles falarem, pedi para ficarem quietos, mas eles falavam, o Coruja pediu para eles ficarem quietos e isto me irritava ainda mais, então ele pediu para os dois ficarem na sala brincando.
A Márcia chegou não sei que horas, mas eu estava num misto começando a entrar na partolandia, com bastante contrações, algumas ainda fracas, mas a maioria forte e cada vez mais intenso.
Teve uma hora que pareceu que as contrações espaçaram muito, para mim pareceu uns 10min e eu queria dormir. Depois do parto o Coruja comentou que as contrações vinham com intervalo de 1 ou 2 minutos e que uma hora espaçou em uns 3min e eu acho que foi nesta hora que para mim pareceu 10min.
Senti o bebê descendo dentro de mim, mas foi diferente do que senti no parto da Sarah, pareceu menos claro, eu estava também mais consciente e ia falando o que ia sentindo.
Depois de um tempo tive puxo em umas contrações, passou por algumas e voltou a ter em todas, senti o bebê vindo, o Coruja parou de apoiar o pufe e veio para pegar o bebê, eu queria que ele ficasse mais um pouco ali que ainda faltava um pouco para o bebê nascer.
Senti o bebê descendo na vagina e uma pressão muito forte, uma sensação de que eu ia rasgar, me lembrando mais o parto do Elias do que o da Sarah, sentia a cabeça indo e vindo cada vez mais, coloquei a mão e senti a cabeça, a cabeça saiu num misto de dor e alivio. O corpo saindo parecia que alguém puxava o bebê, mas era apenas ele escorregando.
Me virei e vi no meio das pernas dele uma bola inchada: um menino! Peguei no colo e falei ‘chama as crianças’. Nathan nasceu às 19h23.
A Priscila chegou, acho que antes da placenta sair, mas não tenho certeza disto.
A placenta saiu, inteira, não ficou nenhum pedaço de membrana e não teve sangramento a mais desta vez.
Coloquei-o para mamar, ele ficou namorando o peito um tempão e demorou para mamar. O Coruja foi falar de ver o sexo e eu falei que era um menino, que eu já tinha visto. Ele foi contar para o meu pai e telefonou para algumas pessoas.
O Elias tirou muitas fotos, fui tomar banho, pesaram 3550g e vestiram o Nathan.

A Sarah deu uma boneca de presente para Márcia, então o Elias começou a trazer um monte de ‘presentes’ para as duas. Jantei alguma coisa, vimos se as crianças queriam comer, fomos deitar umas 22h, só então a Sarah mamou.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Relato de amamentação do Elias e da Sarah

Amamentando grávida e dois filhos de idades diferentes


Durante a minha primeira gestação eu não me preocupei muito com a amamentação, achava que para amamentar bastaria colocar no peito e pronto, que não havia segredos.
O pouco que eu li durante a gravidez sobre amamentação falava de amamentar exclusivo por 6 meses e depois por pelo menos 2 anos.

Lembro de um pequeno relato de uma mulher, onde ela contava que amamentou o seu ‘cordeirinho mamão’ até 5 anos, neste meio tempo ela engravidou, teve outro filho, este até desmamou e o ‘cordeirinho mamão’ continuou mamando até os seus 5 anos. Lembro-me bem que quando eu li isto vi ali uma possibilidade, coisas que nunca havia pensado: amamentar grávida, amamentar dois filhos ao mesmo tempo e principalmente amamentar prolongadamente.

Quando o Elias nasceu eu vi que a amamentação não era assim tão sem segredos. Não tive grandes problemas, mas superei diversos pequenos obstáculos. Na consulta de pós parto, o GO falou de planejamento familiar, eu disse que queria ter outro filho dentro de 2 ou 3 anos, mas não queria ter que desmamar um para ter outro. Ainda com o meu recém-nascido nos braços ouvi que eu não precisaria desmamar, que poderia amamentar grávida e amamentar depois os dois filhos sem problema.

Não há risco de se amamentar grávida, a não ser que exista risco de parto prematuro, que daí sim a hormônio liberado na amamentação pode adiantar o parto, mas se houver esta restrição medica para amamentar também haverá para sexo e algumas outras atividades, já que o hormônio liberado é o mesmo e as contrações provocadas pelo orgasmo são até mais intensas do que as provocadas pela amamentação, então se não há restrição para o sexo não há porque restringir a amamentação.

Sabendo isto passei a ter o meu ideal, amamentar prolongadamente, esperando o desmame natural e espontâneo, ter outro filho próximo, amamentar grávida e depois ambos os filhos. Era o que eu acreditava ser o melhor, o que eu queria e o que eu desejava, dependendo apenas da vontade deles também.

Quando engravidei novamente o Elias estava com 2 anos e 3 meses, já não mamava muito, mas logo que engravidei passou a mamar mais, para depois novamente reduzir. Quando ele tinha dois anos e meios foi a primeira vez que pensei em desmame, não em desmama-lo, mas no desmame como um processo longo que já havia começado

Foi tranqüilo amamentar grávida, não vou dizer que seja uma maravilha apesar de não ser de todo ruim. Os seios estão mais sensíveis, às vezes dói, a barriga começa a atrapalhar, estamos mais cansadas, temos mais sono, o humor muda, nossos hormônios mudam, o leite diminui. Eu sempre acreditei que amamentação era mais importante do que estes inconvenientes e continuei.

Não lembro em que ponto da gestação tive a nítida impressão de que meu leite havia secado, para depois de uns dias chegar o colostro. O Elias continuou mamando sem nunca falar ou reclamar de nada.

Quando a Sarah nasceu o Elias passou a mamar bem mais, nos primeiros dias posso dizer até mesmo que ele mamou mais que ela, até de madrugada ele voltou a mamar. No começo ele a via mamar e queria, ele não a via e queria da mesma forma. Junto com a Sarah veio a abundancia, muito leite e nisto o meu pequeno rapaz de 3 anos engordou 1kg em cerca de 1 mês de volta à amamentação (quase) exclusiva.

Aos poucos ele foi reduzindo novamente as mamadas, voltou a mamar como mamava antes de eu engravidar e seguiu no seu ritmo de desmame, mamando atualmente um ou duas vezes ao dia.

A Sarah, um bebê completamente diferente do que o Elias foi, com um ritmo de mamar diferente o tempo que ficava no peito, a freqüência que me solicitava. Agente sabe que um filho é diferente do outro, mas eu não imaginava que me surpreenderia tanto com estas diferenças. Para ela parece que o mundo é mamar, não pode ver, ouvir, cheirar, pensar que logo já quer: mamar, mamar, mamar... Penso que quando for ela a mais velha mamando junto de um próximo irmão, será bem diferente de como foi com o Elias mais velho, já que a relação dela com o mamá é completamente diferente da dele.

Eles mamaram muitas vezes juntos, muitas vezes separado. Amamentar um filho em cada peito com eles se fazendo carinho é uma das coisas mais gostosas que há. Só que amamentar dois filhos não é só isto, tem horas que um quer mamar justamente o peito que o outro está, o peito as vezes vira alvo de disputa e as vezes de união. Tem horas que não há coisa melhor para os ciúmes do que ter dois seios.

Para mim, amamentar os meus dois filhos de idades diferentes é algo tão natural como gestar e parir. A amamentação começou e vai terminar na hora dela, o Elias desmamará espontaneamente e enquanto isto não acontece, eu sigo amamentando, mesmo tento engravidado e amamentado outro bebê. O mesmo vale para Sarah, que desmamará um dia ainda muito longe, mesmo com uma nova gestação e com mais um filho no peito, eu continuarei a amamenta-la até que seja o momento dela de parar.

Para mim é importante respeitar o ritmo da criança e como não há motivos para não se amamentar grávida, eu não conseguiria ter um filho em detrimento do outro, e eu me sentiria assim se desmamasse em uma nova gestação.

Raquel mãe de Elias, 4 anos e Sarah 1 ano e 4 meses


Postado originalmente no mamiferas: "Amamentar grávida é possível, sim!"

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Relato de amamentação de dois filhos de idades diferentes



Antes mesmo de engravidar, eu já sabia que poderia amamentar grávida, que não há contra-indicação a não ser que haja risco de parto prematuro. Eu já havia decidido que amamentaria durante a gestação e, depois, os dois até que o Elias desmamasse natural e espontaneamente.

Quando eu engravidei da Sarah, o Elias tinha 2 anos e 3 meses e mamava umas 5 vezes, três durante o dia e duas a noite.

No primeiro trimestre da gestação, ele mamou muito mais do que o normal, não sei bem quanto, mas mamou mais. Não só mamou mais, como também pedia mais minha atenção, mais mamãe, mais colo, etc.


No segundo trimestre, voltou ao normal, nem parecia que eu estava grávida. Voltou a mamar como antes de eu engravidar. Na verdade, até cortou uma mamada, passou a pedir para dormir na caminha dele, cerca de metade das noites (praticamos cama compartilhada) e foi um momento oportuno para um desmame noturno.

Eu nunca me incomodei de acordar à noite, por isso sempre vinha adiando o desmame noturno, mas com a gestação tive medo de ter que lidar com dois acordando à noite para mamar, então planejei um desmame noturno bem suave, o que foi feito em poucos meses.


No terceiro trimestre da gestação, ele voltou a me solicitar mais, mais mamãe, mais colo e mamar mais novamente. Algumas noites ele voltou a acordar e pedir mama.

Amamentar durante a gravidez foi relativamente tranqüilo. O mamilo ficou mais sensível em parte da gestação e no inverno eu tinha dor depois dele mamar, o que descobri que era causado pelo frio, então bastou passar a aquecer os seios depois da mamada para resolver o incômodo.


Dizem que amamentar adianta o parto, mas eu cheguei com 40 semanas sem problema nenhum. Conforme chegava o final da gravidez, eu imaginei que em alguma mamada entraria em trabalho de parto, mas não foi assim que aconteceu.

Eu já estava em trabalho de parto, bem fraquinho e suave, quando o Elias pediu para mamar. Ele queria dormir depois do almoço, então mamou uma meia hora e fez o trabalho de parto se intensificar.


A Sarah nasceu. Nasceu e mamou.

Pareceu uma boquinha tão suave, tão pequena, muito diferente do que eu estava acostumada fazia quase 3 anos... Eu achei que o Elias fosse querer mamar ao vê-la mamar, mas não, ele não pediu. Só depois que todos foram embora e ficamos só nos em casa é que ele mamou, mamou e dormiu, desmaiou, estava cansado e empolgado com o nascimento da irmã.


Enquanto era só o colostro, eu dava o peito primeiro para ela, e ele sempre mamava o peito que ela tinha mamado por último.

Depois desceu o leite, abundantemente e o esquema mudou. Ele mamava primeiro, mamava o excesso e ela mamava depois, mais tranqüila, sem esguichar leite. Ela nunca gostou de peito muito cheio. Eu dava o mesmo seio para ela até que ele mamasse novamente e tirasse o excesso do outro seio, daí passava a dar para ela este seio até a próxima mamada dele.

Se ele não queria tirar o excesso eu mesma tirava, ordenhando para o Banco de Leite, desde quando ela estava com 3 dias. As mamadas dele estavam mais irregulares, tinha dias que eu não ordenhava, tinha dias que ordenhava 3 vezes.


O Elias mamou muito depois que a Sarah nasceu, acho que nos primeiros dias chegou a mamar umas 9 vezes, até de madrugada voltou a mamar. Nas primeiras noites ela dormiu bem e ele mamou até mais vezes que ela.

Na segunda semana já mamou umas 5 vezes. Na terceira só três e tive que mudar o esquema novamente já que ela mamava com mais freqüência e não dava para deixar um seio tanto tempo sem mamar. Passei a dar um seio para ela e o outro para ele e para as ordenhas, este esquema deu bem certo por bastante tempo, com umas poucas adaptações.


Nas primeiras noites ele mamou bastante e seguiu mamando à noite, uma ou duas vezes por mais uns 3 meses. Deixei ele parar novamente por si só, já que não me incomodava.

Depois de um resfriado ele quis mamar a noite inteira, mas nada que uma conversa depois durante o dia não resolvesse. Na verdade, descobri que qualquer problema noturno deve ser conversado depois no dia seguinte para ser resolvido, como aconteceu em uma das primeiras noites que ele teve que esperar a Sarah mama e abriu o berreiro...


Aos poucos ele foi voltando a mamar o que ele mamava antes dela nascer. Acho que com uns 3 meses ele já mamava igual ao que era antes da gravidez. Lógico que tem dias em que de repente mama mais, mas isto sempre foi assim antes também.


A vantagem de se amamentar uma criança é que ela já entende muita coisa e sempre você pode conversar e explicar as coisas, mesmo as relacionadas ao mama. Fiz isto algumas vezes com o Elias, como nas acordadas noturnas dele e também sobre mamar em qualquer lugar, já que para ela dá para dar mama de pé na fila do banco, já para ele não dá...


Eu amamentei os dois ao mesmo tempo muitas vezes e vi que tem horas que não há coisa melhor para o ciúmes do que ter dois seios!

O Elias está no caminho do desmame, aos poucos vai perdendo interesse e mamando menos. Quanto tempo mais este processo vai demorar, só o tempo dirá.

A Sarah faz 9 meses hoje, está começando a comer, ainda mama muito e tem um longo caminho pela frente.


Raquel, mãe de Elias de 3 anos e 8 meses e de Sarah de 9 meses

Postado originalmente no blog do grupo MAMA

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Relato de parto da Sarah

O parto dela, o trabalho de parto, foi tudo tão diferente do Elias, foi um parto rápido, bem maluco e irregular, depois que o Elias mamou não teve mais ritmo algum...

Na semana anterior eu já achei que estava próximo porque fiquei com uma vontade louca de arrumar tudo, preparei o aniversário do Elias, que vai ser um aniversario congelado, tudo que pudesse congelar já fiz, até um bolo de sorvete.
Na sexta feira achei que estava diferente, não estava mais com esta vontade louca de arrumar tudo, ela simplesmente passou, e não estava mais me sentindo grávida isto foi o mais estranho, na gestação do Elias eu estranhei a perda da barriga, senti falta e nesta já me sentia assim antes do parto, isto até me deu um pouco de medo. O padrão de movimento do bebê também mudou a partir deste dia.
Eu pensava que o trabalho de parto começaria com o Elias mamando, mas ele mamava para dormir e acordar e nada acontecia.

Na madrugada de sábado para domingo tive contrações indolores durante a noite, coisa que não havia tido até então, foram umas 10 durante a noite. O Elias tinha mamado para dormir e mamou ao acordar e não senti nada de diferente, mas achei que era o dia, falei com meu marido que achava que seria naquele dia. Falei também para o Elias que o bebê nasceria hoje ou amanhã, também o relembrei de que eu poderia gritar quando o bebê fosse nascer, mas que estaria tudo bem.
Pela manhã tive três contrações com uma cólica quase imperceptível, mas achei melhor já avisar a Márcia, a Pricila e a Letícia. Avisei todas que estava com contrações muito leves a cada 20/30 minutos.
Saímos, fomos ao mercadinho comprar alguma coisa e o Elias quis passar no parque que era perto. Quando eu caminhava as contrações, ainda bem fracas, ficavam mais próximas, quando eu parava, elas espaçavam novamente.
Voltamos para casa e eu terminei o que faltava da barriga de gesso que fizemos.
Às 14h o Elias quis mamar, mamou só uns 10 min. e neste tempo vieram duas contrações mais fortes, mas voltaram a espaçar e ficaram mais fracas depois disto. Umas 14h40 resolvi deitar um pouco para descansar, o Elias quis dormir também e pediu para mamar, mamou uns 40 min., e neste tempo as contrações ficaram mais fortes, mas ainda bem suportáveis e novamente vieram a cada mais ou menos 5 min.
Ele parou de mamar, ficou dormindo junto com meu marido, eu não consegui dormir. Fui para o banho ver se elas voltavam a espaçar, mas não espaçaram, ficaram muito irregulares, vinham fracas, mas próximas, completamente diferentes das do TP do Elias. Liguei novamente para Pricila e falei como estavam, ela falou que eu estava muito tranqüila, mas também teve receio de eu ficar assim por eu ser muito calma, eu disse que achava que ainda demorava ficamos de nos falar em mais 2 horas.

Quase 18h nos falamos novamente, ainda estava na mesma: irregulares tanto em freqüência como em intensidade. Ela falou para eu ir para o banho, que na água seria um bom parâmetro, ver quantas tinha em meia hora. Meu marido marcou 30 min. de banho e eu contei as contrações, foram quatro.
Às 18h30 a Pricila ligou novamente e achou melhor vir, já que tinham quatro contrações em meia hora, mas achei que ela estava com um pouco de receio de estar cedo ou ser um alarme falso, não sei, e no fundo eu também estava, quando comentei com meu marido ele olhou para mim e disse que eu estava com cara de quem estava para parir... Mas é que estava tudo tão diferente do parto do Elias, no do Elias lembro bem, que as contrações tinham ritmo, elas iam se aproximando em tempo e aumentando a intensidade, neste agora não, vinham mais fracas, vinham mais fortes, mas todas muito toleráveis. Vinham com intervalo maior, com intervalo menor, estavam bem malucas. Apesar de que no TP do Elias também não achavam que eu estivesse em trabalho de parto, pela que eu dizia que sentia e eu já estava com seis cm.

Umas 19h elas ficaram um pouco mais intensas e só então soltou de verdade o tampão, coisa que estava me deixando um pouco encafifada, porque este tinha sido o primeiro sinal do parto do Elias. Tive um pouco mais de certeza de que seria naquele dia ou na madrugada, comecei a precisar parar durante as contrações, e quando eu parava o Elias perguntava o que foi e eu falava que era uma contração, que logo o bebê ia nascer e ele olhava para o local onde eu estava e dizia vai nascer aqui? Em cima do tapete? Ou qualquer outro local que eu estivesse, eu disse que poderia nascer em qualquer local da casa, mas que ainda ia demorar um pouquinho, mas que seria hoje ou amanhã. Ele me mandava para o quarto que o bebê devia nascer no quarto. Se a Pricila já não estivesse vindo, nesta hora eu falaria para ela vir.
Meu marido ficou arrumando a casa, lavando louça, pendurando roupa e brincando com o Elias todo o tempo e eu ficava andando de um lado para o outro da casa.
Liguei para Letícia e disse que dentro das próximas duas horas gostaria que ela viesse, para ela deixar as coisas meio prontas.

Acho que por volta das 20h comecei a me incomodar com o Elias perguntando em quase todas as contrações o que era, na verdade não me incomodava com ele perguntando, mas já não estava muito confortável reponde-lo durante as contrações e se eu não o respondesse ele ficava perguntando, ai meu marido acabava chamando-o e eu não me sentia legal em não o responder, achei melhor a Letícia vir assim poderia dar atenção à ele.
Acho que um pouco mais de 20h30 a Letícia chegou, eu já estava no quarto tentando achar uma posição confortável, mas estava difícil, já tinha ido para o banho e saído novamente, mas não conseguia achar algum jeito para ficar, então acabava me deitando entre as contrações.

Próximo das 21h a bolsa rompeu, avisei meu marido que nesta hora enchia uma piscina para eu entrar. Em mais duas ou três contrações chegou a Pricila, as contrações já estavam mais fortes, mas ainda irregulares, às vezes vinha uma mais fraca, às vezes vinham com 2 min., às vezes com 5min.
Trocamos o lençol, ela escutou o bebê, viu a posição e perguntou como estavam as dores, doía só na frente não doía nas costas, como no TP do Elias. Ela comentou com meu marido que eu ainda iria descansar porque deitava entre as contrações, mas eu deitava por não encontrar uma posição para ficar. Ela acabou fazendo toque e eu estava com oito cm, ela disse que nascia em uma ou duas horas.
Um pouco depois que a Pricila chegou eu tive um momento de lucidez, onde eu pensava porque agente decide ter mais filhos, será que se eu estivesse em um hospital seria agora que eu pediria anestesia ou será que não pensaria nisto, fiquei pensando nestas coisas, mas acabou que foi tão rápido que não deu para pensar muito que eu era louca por estar fazendo o que estava fazendo.
Pedi para o meu marido trazer o pufe da sala, consegui me ajeitar melhor, eu não poderia entrar mais na piscina por causa da bolsa, então a Pricila perguntou se não queria ir para o chuveiro, sentada na bola, fui para o chuveiro, mas sentar não rolava, tinha que ficar de quatro. Começou a me dar vontade de fazer força meu marido chamou a Pricila, acabei saindo do chuveiro e voltando para o pufe.
Acho que não passou meia hora. A Pricila falou que agora eu poderia ir para piscina, teria que ferver um balde porque a água já havia esfriado, mas meu marido falou que eu havia parido o Elias naquela posição, de quatro. Questionei se o circulo de fogo seria mais ameno na água, porque no parto do Elias foi o que achei que mais doeu. A Pricila falou que eu estava bem ali, que estava melhor do que ficaria na água, acho que por causa do comentário do meu marido de que eu havia parido o Elias naquela posição, disse também que a água aliviava um pouco as contrações, acho que falou algo que não mudaria o circulo de fogo, que seria indiferente.

Eu senti tudo bem diferente do parto do Elias, eu senti bem clara a vontade de fazer força, senti o bebê descer e voltar, e descer, senti bem claro quando a cabeça saiu, senti pouco o circulo de fogo, na verdade senti ele bem rápido, mas tão intenso quanto no parto do Elias, rápido porque logo a cabeça saiu, daí o ombro e escorregou o resto o corpo, acho que saiu em poucas contrações.
Chorou logo que saiu me virei e a Pricila falou ‘é todo seu’, adorei ouvir esta frase, coloquei no meu colo e ela veio enxugar. O Elias veio ver o bebe escutei ele falar do outro quarto ‘o nenê nasceu’ e acho que ele disse algo de dar um beijo no nenê. Logo o Coruja lembrou-se de saber qual era o sexo, não deu tempo nem de eu me lembrar de que não sabíamos... Uma menina! Sarah! Também olharam as horas eram 22h18.

Questionei o que sentiria quando fosse para placenta sair, e logo senti. Meu marido cortou o cordão e logo a placenta saiu. Fui do pufe para cama e ela mamou, ficamos lá por um tempo.
Eu estava sangrando mais do que deveria, então tomei uma injeção. Eles iam arrumando tudo, eu ainda sangrava mais do que deveria, uma segunda injeção e saem meu marido, a Letícia e o Elias para comprar um remédio, que eu deveria tomar para o sangramento.
Quando eles voltam com o remédio, pegam a Sarah para limpar, pesar e vestir. Ela pesou 3060g.
O sangramento diminuiu um pouco, tomei o remédio, que ainda deveria tomar no dia seguinte, elas foram embora por volta da 1h, daí o Elias pediu para mamar, estava muito cansado tadinho nunca vai dormir tão tarde.
Eu achava que ele iria querer mamar logo que visse o bebê mamar, mas não só quis depois para dormir, teve uma noite agitada e mamou mais umas duas vezes na madrugada.
Eu até quis oferecer o seio à ele quando a Sarah mamava, mas acabei não oferecendo, mesmo sem ter porque fiquei sem graça de oferecer, sei lá ele estava tão bem e nem pareceu pensar em pedir e também fiquem em dúvida de como faria para amamentar os dois, acabou que nem levei a idéia adiante e não pensei mais nisto, no dia seguinte eles mamaram juntos.
Eu tive muita sede à noite toda e mal consegui dormir, mas acordei de manhã, cansada, mas não como quem pariu no dia anterior e sim apenas como quem dormiu tarde.

No dia seguinte o sangramento já estava pouco, mas eu tive muita cólica quando qualquer um dos dois ou os dois mamavam.
Eu me senti muito diferente depois do parto do que havia me sentido depois do parto do Elias, estava cansada, mas não exausta, não tive laceração como não tive no parto do Elias, mas não senti tudo sensível como tinha ficado depois do parto do Elias. Depois do parto do Elias eu dormi muito mais por vários dias, neste parece que já estou pronto para outra!!
No parto do Elias não sei se por ser em hospital eu não me lembro de perceber as coisas a minha volta, mas neste eu sabia o que estava acontecendo em casa, escutava o Elias brincando, as pessoas falando, mesmo quase não tendo falado. Isto não me incomodou em nada, dava até um ar mais familiar, percebi bem mais as coisas ao meu redor do que no parto do Elias, não sei se por ter sido em hospital era mais silencioso ou se por eu estar mais cansada não percebia as coisas ao redor.


O relato acabou não ficando tão curto quanto eu pensava que ficaria, mas foi maravilhosa a experiência, única; e eu quero repetir mais uma vez!!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Relato de amamentação do Elias

Quando engravidei pensei e planejei muito o parto, mas em momento nenhum pensei no depois, em como seria a amamentação. Para mim seria uma coisa simples, era só colocar no peito para mamar e pronto.
Não sei até onde esta minha falta de expectativas foi boa ou ruim. Em partes foi bom porque não fiquei com medo de ter problemas de algo dar errado, não tive frustrações porque não foi como eu queria, as coisas simplesmente foram acontecendo...
A única coisa que eu tinha era certeza que teria leite e que teria muito.
Na minha família todas tiveram bastante leite, lembro da minha tia doando leite, ela amamentou os cinco filhos, o mais novo até uns quatro anos. Minha mãe amamentou os quatro e lembro-me dela dizendo em vários momentos que tinha que tirar um pouco o excesso de leite para eu não engasgar, porque eu espaçava mais as mamadas que os outros três. Minha irmã, também amamentou a filha, vazava leite até quase um ano. Então a única ciosa que eu esperava era ter bastante leite!
Sei que ter muito leite não quer dizer nada, mas esta era a única expectativa que eu tinha.


O Elias nasceu, veio direto para o meu colo com o cordão ainda pulsando. Eu sem saber bem como tudo funcionava tentei colocá-lo para mamar direto sem deixá-lo descobrir primeiro, meu cheiro, minha pele, como se naquela hora ele tivesse que mamar, subestimei um pouco o contato que é tão essencial.

Acabou que ele não mamou naquela hora, teve apenas o contato, meu colo. Hoje me questiono que se não tivesse conduzido tanto aquele momento ele poderia ter sido mais especial e ele poderia ter descoberto meu seio, meu mamilo, ter mamado na primeira hora, coisas que considero tão importante e que é uma das coisas que pretendo superar com o próximo filho, sentir que fiz melhor.

Não sei bem que horas que ele mamou mesmo, porque eu dormi, não sei se foram 2 horas depois ou se foram 4, mas ele mamou. Fiz as coisas com a simplicidade que esperava que fossem, coloquei-o no peito e dei de mama, não sabia nem percebi que ele pegava errado, fazia muito barulho para mamar, a enfermeira depois veio me explicar que não podia fazer barulho, me mostrou como deveria ser a pega, como ele tinha que abocanhar, não tive muita dificuldade para corrigir a pega, mas este primeiro dia de pega errada me rendeu uma pequena fissura, nada grave, mas doeu por vários dias.

Segundo dia meu seio começa a ficar inchado, outra coisa me faltava conhecer melhor, apojadura. O pouco que sabia era da minha irmã comentar de quando o leite dela desceu.

Já me casa meu seio muito duro, mal dava para o Elias abocanhar. Antes de dar mama eu fazia uma pequena massagem ao redor do mamilo e tirava um pouco de excesso para ele conseguir pegar o seio, esta pelo menos foi uma das poucas informações sobre amamentação que levei da minha gestação.

Nas primeiras noites ele mamava de hora em hora, eu não sabia que existia gente que ensinava bebê a mamar com horários então pensava que estes horários iam surgir naturalmente. Demorou um pouco para ele ter um horário mais padronizado, mas não demorou muito para ele não acordar mais de hora em hora à noite...

Assim foram passando os dias, no começo ele ficava bravo com o excesso de leite, mas logo ele aprendeu a mamar ‘cuspindo’ o excesso, tinha que deixar uma fralda de pano sob a boca dele para pegar este excesso que escorria. Além de outra fraldinha no outro seio que vazava enquanto ele mamava.

Ele não tinha padrão nenhum durante o dia às vezes fazia intervalos de 30 min. outras raras vezes fazia de quase 2 horas, eu com receio de que não mamasse o leite gordo do final da mamada resolvi que se mamasse muito perto daria o mesmo seio, trocava de seio a cada 2 horas, a cada intervalo de 2 horas um seio não importa quantas mamadas ele fizesse, em menos de 2 horas seria no mesmo seio e mesmo assim ele não chegava a esvaziar o seio.

Com um pouco menos de um mês ele fez pela primeira vez um intervalo de 5 horas direto dormindo, este primeiro intervalo foi aumentado aos poucos, com três meses ele fazia entre 8 e 10 horas seguidas, mas isto tinha um inconveniente, meus seios ficavam muito cheios e eu chegava a acordar com dor nos seios. Resolvi começar a tirar leite antes de dormir para não acordar com dor durante a noite, esvaziava os seios à noite antes do banho, não tinha ainda banco de leite na cidade, este leite era usado então para as mais diversas coisas, desde alimentar as cachorras até ser passado como hidratante de pele durante o banho. Às vezes eu media por curiosidade, tirava em um copo, outras vezes tirava dentro do Box deixando escorrer pelo corpo, eram uns 100/200 ml jogados fora diariamente. Aos poucos fui tirando menos e a produção se ajustando até que não precisei mais tirar o excesso antes de dormir para dormir confortável.

Com dois meses ele começou a chupar dedo, para mim no começo isto foi motivo de grande preocupação, mas fui atrás de pessoas que o filho tivesse chupado dedo e o que encontrei é que crianças amamentadas por pelo menos dois anos costumavam parar de chupar o dedo sozinhas antes disso, as que mantinham geralmente tinham sido desmamadas antes dos dois anos. Como eu pretendia amamentar por dois anos, como a OMS recomenda, fiquei mais tranqüila. Às vezes ele largava o peito para chupar o dedo. Sempre que via ele chupando o dedo tentava tirar e dar o peito, tinha vez que isto o deixava muito bravo, tinha vez que funcionava.

Desde que nasceu ele nunca dormiu no quarto dele, no começo deixava num moisés ao lado da cama, depois a primeira dormida era no berço, depois vinha para o meu lado. Apesar dele dormir boas horas de sono seguidas, o resto de noite que faltava ele acordava com intervalo máximo de 1 hora e meia, acordando umas três vezes até acordar de vez. Então ele dormir este finalzinho ao meu lado me ajudava muito a descansar e ajudava na amamentação noturna. Quando começou a esfriar o tempo e eu tomei mais coragem assumimos de vez a cama compartilhada e ele passou a dormir a noite todo ao meu lado, o que facilitou ainda mais as acordadas.

Os seis meses se aproximavam e eu comecei a questionar porque eram seis meses para introdução dos alimentos e não cinco ou sete? As únicas respostas que encontrei foram que antes dos seis meses não poderia dar nada, mas que poderia adiar um pouco a introdução. Sem o peso dos seis meses nas costas fui levando mais um pouco. Meus irmãos vieram visitar, fomos viajar e assim se passou mais um mês. Com sete meses já planejando introduzir os alimentos o Elias pegou uma virose, não só ele como meu marido, eu meu irmão, meu pai e mais metade das pessoas que encontramos no aniversario do meu irmão. Muitos vômitos, diarréia, muito leite materno e algum remédio, dado na colher. Ele chegou a quase desidratar, não aceitou soro, mas o leite materno foi suficiente para não deixá-lo piorar mais. Com esta virose ele começou a acordar mais a noite e seguiu acordando por muito tempo...

Depois que ele melhorou resolvemos começar com os alimentos. Ele tinha criado certa repulsa pelas colheres já que eu tinha dado algum remédio nelas e ele só as tinha conhecido para isto.
Já havia lido que quando a criança está pronta para os alimentos ela tem já certa capacidade de se alimentar sozinha, então foi assim que começamos: Elias, comida e muita sujeira!! Depois comecei com a colher e bem aos poucos com todos os alimentos.

Só depois de um ano que fui levar a alimentação mais a serio, evitar que ele mamasse antes de uma refeição, tentar dar sempre nos mesmos horários, ele foi comendo cada vez mais e reduzindo aos poucos as mamadas.

Com um ano e pouco ele fez uma greve de amamentação. O que é uma greve? É quando a criança para subitamente de mamar e isto dura apenas alguns dias, ele ficou quatro dias praticamente sem mamar, nos primeiros dois ele até pedia o peito, mas não mamava, pagava e largava, nos outros dois nem isto, nem mesmo a noite, nem dormindo.

Foi difícil para mim, eu não sabia o que era esta tal de greve e tive muito medo do desmame, para mim, amamentar menos do que a OMS recomenda seria em parte um fracasso, além de que não acho que nem eu nem ele estávamos prontos, ele ficava com o dedo na boca olhando para mim, como se quisesse mamar, mas algo o impedisse. Depois destes quatro dias ele mamou dormindo e aos poucos foi voltando a mamar, depois para compensar ele mamou muito mais do que de costume por umas duas semanas. Lógico que com esta grave a produção diminuiu e em partes ele mamar mais foi uma forma de estimular a produção a voltar ao normal.

A partir da greve ele foi aos poucos diminuindo a sucção digital, até que com um ano e oito meses ficou uma semana sem chupar o dedo, depois mais umas e foi indo assim por mais um mês até que ele largou de vez, com um ano e dez meses ele já não chupava mais dedo e pouco depois já parecia que nem sabia o que era aquilo, confirmando minha teoria de que se eu mantivesse a amamentação ele largaria o dedo antes dos dois anos.

Desde que ele passou a acordar a noite eu adiei tomar alguma atitude. Pensei em esperar um ano, depois um ano e meio, depois dois anos, mas geralmente pensava em fases que ele acordava mais e quando passavam eu resolvia levar mais e não fazer um desmame noturno. Eu nunca gostei da idéia de negar o mama, mesmo à noite e sempre acreditei que a amamentação noturna tinha certa função, afinal o pico de prolactina, hormônio responsável pela produção, ocorre na madrugada e nunca achei que isto fosse por acaso.

Quando decidimos pelo segundo filho comecei a pensar mais no desmame noturno, já sabia que poderia amamentar durante a gestação se ela não fosse de risco, já tinha decidido fazê-lo, mas amamentar dois a noite não estava nos meus planos. Conversando com uma amiga ela disse que os filhos passaram a dormir a noite toda durante suas gestações, resolvi então esperar engravidar, afinal teria mais nove meses para resolver isto.

Engravidei, os seios ficaram mais sensíveis, mas a amamentação continuou sem maiores problemas, às vezes tinha que arrumá-lo no peito ou tomar mais cuidado quando ele pegava ou soltava o seio se fosse de qualquer jeito poderia doer.

Com três meses de gestação e o Elias tendo dois anos e meio, resolvi desmamar a noite, de uma forma bem lenta e calma. Simplesmente parei de oferecer, se ele resmungava tentava confortá-lo de outra forma, se não tivesse jeito dava mama. Só com isto em poucas semanas ele já dormia bem melhor.

Conforme a gestação foi caminhando o leite foi diminuindo, cada vez menos leite, eu já não consigo mais tirar uma gota, mas ele ainda mama normalmente, bem menos vezes. A gestação segue tranqüila, uma coisa não está interferindo na outra, não dói para dar de mama, o peito fica mais sensível o que faz com que eu tenha que tomar mais cuidado principalmente quando ele quer mexer a cabeça mamando ou na hora em que vou tirar o peito.

Aos poucos ele foi reduzindo as mamadas, mesmo antes de eu engravidar ele já não mamava mais tantas vezes. Aos dois anos ele mamava em media umas cinco vezes, agora quase no final da gestação ele tem mamado apenas umas três vezes, acredito que quando o bebê nascer ele vá querer mamar mais vezes, mas vejo que ele está em processo de desmame, não sei bem quanto tempo isto vai levar, se vai ser alguns meses ou mais de um ano, mas percebo que ele está desmamando no ritmo dele e que uma hora ele vai parar. Eu pretendo levar até onde ele for e vamos ver como será amamentar dois filhos...

Raquel, mãe de Elias 2 anos e 9 meses mamando

postado originalmente no blog do grupo MAMA